sábado, 22 de setembro de 2012


PitangaRoubo fracassado

Eu vim de uma família muito pobre, muitas vezes, eu e meus irmãos não tínhamos biscoitos para o lanche, nem sequer ouvíamos falar dos baratos biscoitos recheados. Tínhamos que aguardar a próxima refeição para podermos comer. Muitas vezes nosso lanche era suprido pelas árvores do quintal.
Na ausência de frutas no quintal, eu, que era a mais “esperta” aprendi com facilidade pegar pitangas no quintal da vizinha. Já estava perita no assunto. Todo dia atravessava a cerca de arame farpado e colhia com todo amor  suculentas pitangas. Ô fruta deliciosa!
Não era a fome que me motivava a fazer isso, pois sempre tínhamos as três refeições, mas a gula de degustar uma fruta roubada, acredito, era meu maior estímulo.
 Certo dia, colhi o máximo de pitangas que pude aparando-as na barra de minha blusa. Estava cega, pois não percebi que no meio delas veio também uma pimenta. Elas eram tão parecidas que não notei a intrusa. Saboreei uma por uma até que foi a vez da pimenta. Minha autoconfiança havia nublado minha visão. A boca começou a queimar, arder, meus lábios pareciam que estavam pegando fogo. Somente depois de beber muita água e comer açúcar a dor foi diminuindo.
Minha vizinha sentiu-se incomodada com o sumiço das pitangas, então teve a brilhante ideia de amarrar uma pimenta bem vermelhinha no meio das outras frutas. Ela queria dar-me uma lição e conseguiu. A lição de que “nem tudo que parece é”. Algo pode parecer maravilhoso aos nossos olhos agora e depois arder como pimenta. Por exemplo: um namorado ou uma namorada poderão parecer uma deliciosa pitanga e depois queimar como uma pimenta. Uma amizade poderá nos envolver de tal forma que não conseguimos enxergar que ao invés de pitanga ela é uma pimenta, nos arrebatando para o mal, transformando o doce de nossa vida e muitas vezes de nossa família num ardor igual o da pimenta. Portanto, abra bem os olhos para não errar em suas escolhas.



   

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