quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Na Praia de Piedade quem não tem boia, boia


Aqui no nordeste do Brasil boiar pode ser flutuar pela norma culta e ficar por fora do assunto pelo dicionário de gírias. Traduzindo: àquele que não tem um objeto chamado boia fica por fora, ou seja, fica a ver navios.
Meu pai, caminhoneiro de mão cheia, não dispensava uma boia para se aventurar no mar de Piedade que é uma das praias mais lindas do nordeste. Com muita criatividade ele improvisava uma boia de uma câmara de ar da roda de um caminhão (síndrome de pobreza) – ainda bem qu’eu era criança e não conhecia a vaidade. Nossos domingos ensolarados eram os mais divertidos possíveis.
Num desses domingos de sol brilhante, ele empolgado com a boia que parecia mais um barco de tão grande pediu-me pra subir nela, o que sem mais delongas o fiz. Navegamos como se tivéssemos no Nautilus do Capitão Nemo, até que um tsunami, pois é como uma criança de 10 anos enxerga uma grande onda, nos arrebatou jogando-nos a salvos na beira da praia graças a Deus.
Depois deste episódio aprendi um ditado muito usado por aqui, “o mar não tem cabelo”. Tomar banho na praia somente se tiver arrecifes para proteger tanto das enormes ondas como de famintos tubarões.


Nenhum comentário:

Postar um comentário