O inverno do ano passado foi
de muita chuva. Fazia um mês que Bug tinha me deixado. Eu ainda estava triste,
não queria mais cachorro vira-lata. Pedi a Deus um cachorro de raça.
Dificilmente eu vou à igreja
numa quarta-feira porque trabalho, mas nessa quarta eu fui à igreja por algum
motivo que não lembro no momento. Assisti todo culto. Ao terminar o culto
escutei um burburinho na saída, algumas irmãs estavam ao redor de um cangaço de
cachorro dizendo: __coitadinho, bichinho, vai morrer. Quando me aproximei para
ver a cena todas olharam para mim como quem diz chegou à solução.
O cachorro era pequeno e
muito magro. Tinha somente o coro e o osso. Ele estava todo encolhido no canto
da porta de saída da igreja. Tinha se arrastado até ali por causa de uma chuva torrencial
que caía lá fora. Ele estava todo molhado, tremendo de frio, sujo e faminto.
As irmãs olharam para mim e
me persuadiram a adotar o cachorro com a desculpa de que ele iria morrer se
alguém não o socorresse e de que eu precisava de um cachorro. Fiquei
compadecida, pois entendi naquele momento se eu não fizesse alguma coisa, ele
morreria. Pedi ao meu esposo para ir pra casa buscar um lençol velho para poder
transportá-lo até lá. Quando ele voltou enrolei-o no lençol e levei-o pra casa.
Em minha casa coloquei-o num
lugar seco e comecei alimentá-lo com leite. Dei banho nele depois de três dias,
ele gripou. Tirei os cascões que estavam agarrados ao corpo quase moribundo do
animal. Após uma semana de alimento ele começou a andar e após duas semanas
voltou a latir. Passou-se um ano que Branco _ dei este nome porque ele é todo
branco _ venceu todas as dificuldades que um inverno pode trazer. Nessa mesma
época ganhei uma cadela Pastor Alemão. Os dois me presentearam com um lindo
cachorrinho que chamei de Montanha, pena que ele não cresceu, ficou do tamanho
do pai.
Se você passar por alguma
situação difícil, seja o que for, lembre-se, o inverno vai passar. Nunca desista
de lutar. Depois de uma noite sombria e solitária vem um lindo sol para
iluminar a vida. Branco achou sua salvação na igreja, se não tivesse conseguido
chegar até ali talvez não estivesse vivo hoje. Deus me presenteou com esse animal
meigo e carinhoso que todos os dias nos acompanha até a parada de ônibus,
conhece o barulho do nosso carro e que chora quando vê minha família saindo.
Foi assim que esqueci Bug, o cachorro que me abandonara.
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